Métodos criados por brasileiros facilita descoberta de marcadores para detectar doenças |
Publicada em: Data: 15/12/2020 A análise do conjunto de proteínas existente no plasma sanguíneo pode revelar diversos processos ocorridos no organismo e até mesmo ajudar a diagnosticar algumas doenças. Esse tipo de estudo é feito com uma pequena parte do plasma. Isso porque 90% da massa proteica do fluido correspondem a apenas 14 moléculas. Os 10% restantes são compostos por milhares de proteínas diferentes, entre elas algumas usadas como marcadores de processos biológicos. No entanto, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostraram que essa separação não é tão precisa quanto se imaginava e pode deixar proteínas importantes de fora das análises. Ao estudar as moléculas mais abundantes no fluido, normalmente descartadas, os cientistas notaram que estavam ligadas a outras menos abundantes, que supostamente estariam na parte do plasma usada nas análises. A pesquisa, apoiada pela FAPESP, mostrou que algumas dessas proteínas normalmente desprezadas regulam processos biológicos importantes e poderiam servir como marcadores de doenças. O método criado pelos pesquisadores da Unicamp em parceria com o pesquisador alemão Johann Steiner, da Universidade de Magdeburg, foi denominado “depletoma”. O nome faz referência à análise proteômica do material que, até então, era descartado depois da depleção. Análises feitas com as técnicas disponíveis na época mostraram que havia algumas proteínas menos abundantes sendo descartadas. O estudo, porém, só foi retomado em 2016, durante a iniciação científica de Costa. Nas novas análises, foi empregada uma técnica de espectrometria de massa de alta definição conhecida como shotgun proteomics, na qual as proteínas são digeridas em partes menores, os peptídeos. A partir da identificação dos peptídeos, chega-se às proteínas das quais eles fazem parte. Os pesquisadores usaram amostras de plasma de 20 indivíduos saudáveis. Foram identificados 12.714 peptídeos, correspondentes a 281 proteínas. Em seguida, foram agrupadas proteínas da mesma família e excluídas as que tinham poucos peptídeos correspondentes no fluido, restando ao final 198 moléculas. “É um processo no qual a célula capta o que está no meio”, explicou Martins-de-Souza. Alterações nessa via, acrescentou, estão relacionadas ao surgimento de desordens psiquiátricas, do sistema imune e de alguns tipos de câncer. Os mecanismos da endocitose podem ainda ser explorados para a entrega personalizada de medicamentos no organismo. O fato de o depletoma abranger cerca de 20 proteínas relacionadas a processos imunes pode trazer novos caminhos de investigação também para doenças metabólicas, neurodegenerativas e psiquiátricas. Foram encontrados ainda marcadores de processos biológicos importantes, como transportem o oxigênio para as células, vasodilatação e coagulação sanguínea, entre outros. Os pesquisadores acreditam ser possível encontrar outras proteínas relevantes além das 198 descritas no artigo. “O próximo passo da pesquisa é aprimorar o método para obter novos potenciais biomarcadores”, contou Martins-de-Souza. Com informações da Fapesp. Fonte: Lab Network |